Disciplina positiva: como ela influencia no desempenho escolar?

Educação familiar
26 | 10 | 2022

Educar as crianças não é uma tarefa fácil. Essa é uma grande responsabilidade, que exige muito cuidado para garantir a sua formação e o seu desenvolvimento integral. Nesse cenário, a disciplina positiva surge como uma metodologia acertada.

Isso porque ela ajuda tanto no desempenho escolar quanto na imposição de limites e responsabilidades. O resultado é uma criação com mais respeito e empatia, que ainda ajuda a desenvolver a autonomia e a fortalecer a autoestima do indivíduo.

Se é isso que você busca com os seus filhos, está na hora de conhecer o método da disciplina positiva. Entenda como ele é aplicado e quais são suas principais características neste post. Saiba mais!

O que é disciplina positiva?

A disciplina positiva é uma metodologia de aprendizagem que foca a melhoria da autonomia, da autoconfiança, do otimismo e de várias habilidades que preparam o indivíduo para a vida. Ao mesmo tempo, são impostos limites para formar o senso de responsabilidade e garantir a compreensão de cada ação realizada.

Esse método foi criado por Jane Nelsen, com base nos trabalhos de Rudolf Dreikurs e Alfred Adler. Esses profissionais foram psicólogos humanistas que propagaram a conexão afetiva como incentivador do comportamento. Portanto, eles acreditavam que corrigir os atos da criança com amor é melhor do que impor autoridade.

Depois desses psicólogos, outros autores sistematizaram essa metodologia de aprendizagem. Todos pregaram a importância de uma relação entre pais e filhos de qualidade. Porém, atenção! Isso não significa mimar os filhos. A disciplina positiva tem como verdadeiro objetivo criar adultos: 

  • colaborativos;
  • empáticos;
  • responsáveis;
  • seguros de si.

Assim, você garante o direito da criança à dignidade e ao respeito. Dessa forma, ela sabe que será ouvida e compreendida, e também poderá argumentar e chegar a um consenso com os responsáveis e os professores.

Quais são os pilares dessa metodologia de aprendizado?

Para colocar a disciplina positiva em prática, é preciso conhecer os seus fundamentos. No total, são 5 pilares. Veja quais são eles e o que significam.

Conexão

O propósito é fazer a criança sentir que pertence à família e à escola para que saiba que tem capacidade de contribuir. Para isso, é necessário escutá-la com atenção e incluí-la nas decisões diárias da família.

Por exemplo, determinando quando será o momento de estudos e da brincadeira. Ao estabelecer uma forte conexão, a criança sente-se respeitada e começa a criar um senso de responsabilidade.

Respeito mútuo

É o momento dos pais demonstrarem que são um modelo de respeito. Isso inclui ter firmeza e gentileza ao mesmo tempo. Ou seja, você sabe se colocar no lugar da criança e mostrar que a reconhece como um indivíduo único e importante.

No entanto, você também deve impor a sua decisão e a sua autoridade. Dessa forma, consegue-se estabelecer uma relação embasada no respeito, afinal, todos saberão que terão a liberdade de ser quem são, pois estão em um espaço seguro.

Eficácia a longo prazo

Aqui, o objetivo é considerar o que a criança pensa, sente, decide e aprende sobre si mesma e o meio social em que está inserida. Aos poucos, ela descobrirá o que fazer no futuro para prosperar e ter qualidade de vida.

É preciso entender que o castigo e a punição resolvem o problema de forma pontual. No entanto, geram sentimentos negativos, como insegurança, medo e raiva. Com a disciplina positiva, tudo fica combinado, ou seja, os responsáveis e a criança chegam a um consenso prévio e isso deve ser destacado.

Assim, a criança pensa sobre os reais motivos que levam ao seu comportamento. Isso gera consequências a longo prazo, porque ela entenderá o que é autoconhecimento e autocontrole e saberá aplicar essas habilidades.

Foco no desenvolvimento de habilidades sociais e de vida

Os responsáveis devem ensinar o respeito, o cuidado com os outros, a cooperação e a capacidade de resolução de problemas. Inclusive, essa é a base da comunicação não-violenta, que ajuda a formar indivíduos bem-sucedidos. Assim, eles tendem a ser felizes, colaborativos e terem o senso de comunidade.

Em outras palavras, a criança não conhecerá o modelo de educação baseado em castigos e recompensas. Em vez disso, será capaz de desenvolver habilidades diferenciadas, que a ajudará a lidar com os conflitos e as dificuldades ao longo da vida.

Estímulo à autonomia

Consiste em incentivar o uso construtivo do seu poder pessoal. Na prática, isso significa que a criança identificará seus limites e suas habilidades, sendo capaz de se autoconhecer. Isso porque a ideia não é entender o erro como algo negativo e sujeito a punições e julgamentos. Aliás, esse é o principal papel dos pais na educação dos filhos.

Na realidade, todas as falhas são vistas como oportunidades de aprendizado. Ao entender essa perspectiva, a criança desenvolve a autoestima, a autonomia e a autoconfiança.

Quais são as principais características da disciplina positiva?

Você conheceu os fundamentos dessa abordagem de aprendizagem e viu que tudo é baseado no amor. Ainda assim, a metodologia prevê outros detalhes. Nesse sentido, as principais características desse modelo são as que apresentamos em seguida.

Limites com amor

O propósito é impor limites deixando de lado a violência, as punições e a permissividade. Além disso, as reprimendas verbais e psicológicas, bem como os prêmios e as recompensas por bom comportamento, não são contemplados.

Na disciplina positiva, a criança é ouvida e acolhida. Em um primeiro momento, parece que essa tática não traz resultados. No entanto, eles surgem a longo prazo. Um exemplo claro é o caso das birras. Em vez de punir, os responsáveis devem conversar e acalmar para estabelecer os limites em seguida.

Da mesma forma, não se deve barganhar. Por exemplo, “você verá TV depois de comer tudo”. A ideia é que a criança assuma seus compromissos e tenha tudo isso bem claro com os responsáveis para refletir sobre seus comportamentos.

Diferença entre obedecer e cooperar

Quando é muito pequena, a criança não entende bem seu papel na família. Porém, conforme cresce, começa a tomar consciência de sua relevância e de sua responsabilidade. Assim, começa a ter a sensação de pertencimento.

Por isso, a disciplina positiva preza pela colaboração. Ou seja, os responsáveis não devem adotar a postura “quem manda sou eu”. Na verdade, devem mostrar que todos fazem parte de uma unidade e que as ações de um indivíduo impactam toda a família.

Isso aumenta a chance de querer cooperar, ter boa vontade de fazer as atividades necessárias, e não adotar a postura de obedecer por medo. Assim, a autodisciplina e o senso de responsabilidade são estimulados.

Autoestima elevada

A criança tem seus direitos e deveres — e os responsáveis devem reconhecer isso. Portanto, ela precisa ser reconhecida como um ser importante. Essa é a base de toda relação familiar pautada no respeito, na disciplina e no afeto.

Com o tempo, a criança aprende esses ensinamentos e os reproduz nas suas relações futuras. Também passa a ter mais resiliência, empatia e coragem para encarar os problemas da vida. Isso porque aprende a lidar com as emoções e se torna menos egoísta.  

Controle da raiva

Quando os pais gritam e brigam com os filhos, ensinam um comportamento violento. Não existe nenhum aprendizado positivo quando há medo e ira. Por sua vez, ao aguardar que a criança se acalme e tirar um tempo para conversar e encontrar uma solução, os responsáveis mostram como se deve lidar com os problemas.

Essa é uma forma de mostrar como lidar com a insegurança emocional, sem nunca projetar essas feridas sobre as crianças. Por isso, a disciplina positiva prevê que o adulto entenda o que o leva a adotar certo comportamento negativo antes de apenas reproduzi-lo diante dos filhos.

Harmonia

Estabelecer esse comportamento de tranquilidade faz com que os responsáveis fiquem menos estressados e sejam mais confiantes. Isso impacta a personalidade e as atitudes das crianças no futuro. Afinal, elas não aprenderão a agirem de acordo com a impulsividade.

Por outro lado, entenderão que devem pensar antes de reagir e tomar a atitude certa. Assim, há uma chance maior de adotar uma postura colaborativa e respeitosa, que garanta a harmonia dentro de casa. Isso ajuda a resolver os problemas de forma mais simples.

Como a disciplina positiva influencia no desempenho escolar?

Mais do que um método de educação em casa, a disciplina positiva também pode ser utilizada nas escolas, tanto na adaptação escolar quanto nos outros momentos. A prerrogativa é a mesma — o que muda é o local de aplicação das boas práticas. Portanto, os professores deixam de lado a violência, os gritos, as chantagens e os castigos.

No lugar, são realizadas, por exemplo, reuniões de classe, que permitem discutir os problemas da turma. Ao mesmo tempo, o diálogo é estabelecido com os estudantes. Portanto, sempre que há um problema, eles são chamados para conversar e encontrar uma solução em conjunto.

Isso gera um ambiente saudável e acolhedor, que favorece a aprendizagem rápida e conforme está estabelecido no projeto didático. Afinal, a criança sabe que é normal errar e descobre o que levou à falha. Por isso, consegue alterar seu comportamento e melhorá-lo.

Da mesma forma, o autoconhecimento ajuda a obter um melhor desempenho escolar. Isso porque a criança consegue entender por que existe disciplina e qual a importância da empatia e do diálogo. A consequência é a construção de relações harmoniosas com colegas e professores.

Assim, consegue-se lidar com diferentes tipos de crianças e explorar o melhor potencial de cada uma delas. Isso é fundamental para alcançar bons resultados e oferecer a melhor chance para os estudantes. Esse é o objetivo da disciplina positiva e o motivo pelo qual vale a pena aplicá-la.

Achou que esse método de aprendizagem vale a pena? Veja mais informações sobre diferentes metodologias seguindo a Crescer Sempre nas redes sociais: Facebook, Instagram e LinkedIn.

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